"Pela voz de Jack"

Como minha estreia no blog, resolvi trazê-los um livro fascinante, “Quarto” da escritora Emma Donoghue.  Juro que se torna difícil expressar o quanto a história de “Quarto” é linda e comovente. Estou sentado frente ao computador há 10 minutos pensando com os dedos pairando no ar imaginando como começar.

Portanto usarei das palavras de Michael Cunningham, para iniciar minha resenha sobre essa obra brilhante.

“ Quarto é a mais rara das entidades: uma obra de arte inteiramente original. É com a intenção de fazer o supremo elogio possível que afirmo ser incapaz de compará-lo a qualquer outro livro. Basta dizer que ele é potente, sombriamente belo e revelador. ”

Eu ainda acrescentaria cativante, mesmo não sendo uma palavra muito forte, mas é como me senti ao ler este livro, cativo.

O livro é narrado pelo Jack, um guri de 5 anos de idade, puro, sensível, meigo, inteligente... Não se consegue deixar de enxergar tudo o que o Jack conta. Tive medo de terminar o livro e abandoná-lo, queria cuidar desse guri.

E ainda devo usar a palavra apaixonante, pois cada nova descoberta que o Jack faz é como se um mundo novo se abrisse. Tornei-me amigo íntimo desse guri. Ri bastante de muitas coisas que ele diz ao longo da trama.

É a voz do Jack que eu ouvia a cada nova linha que eu avançava; uma voz que sensibiliza essa história, quando conta como era sua vida dentro de um quarto e depois fora dele, descobrindo o novo, o bom e o ruim.

Imagine você trancado 5 anos de sua vida dentro de um quarto vendo um pedacinho do céu por uma claraboia, imaginou? No caso do Jack não era tão torturante, pois foi lá que ele nasceu e com aquilo ele estava acostumado, mas a mãe do Jack se sentia um “bicho” engaiolado.

“O quarto é a casa de Jack, mas para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack.”

Um ponto importante e que gostei muito é a forma sutil e poética usada por “Ma” (nome original) para manter a sua sanidade mental e inventividade para manter a do seu filho. Com poucos recursos ela conseguiu dar noções de valor, caráter e respeito ao Jack, coisas que muitas mães que têm liberdade para ir e vir não conseguem. 

Este livro me foi apresentado pelo meu amigo e irmão Leonardo Dourado, a princípio imaginei uma leitura como qualquer outra, mas a riqueza de detalhes, a narrativa simples e convincente de uma criança de 5 anos nos faz não conseguir parar de imaginar tudo o que o Jack vê, como ele vê, não se perde o foco nem por um instante.

Não é possível se desconectar do livro com o tipo “termino mais tarde”, pelo menos eu precisei lê-lo do início ao fim com duas pausas apenas para beber água.

Bom! É isso, espero que tenham gostado de minha indicação e que comprem o livro e se apaixonem como eu fiz, por essa história belíssima.

"Vitaminas são remédios pra gente não ficar doente e não voltar ainda pro céu. Não vou voltar nunca, não gosto de morrer, mas a mãe diz que pode ser legal quando a gente tem cem anos e se cansa de brincar."

Clique Aqui para ver algumas críticas sobre o livro.

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Cayo Cézar Oliveira

Colunista de Literatura

Montes Claros, 28 de agosto de 2012