Coluna Especial: Publicidade

Vivemos em uma sociedade que cada dia consome mais. As vitrines vivem enfeitas, os produtos são personalizados. O momento não podia ser melhor, com a economia em expansão aqui no Brasil e a abertura de crédito com juros mais baixos, o povo está comprando como nunca. O grande problema é que tudo desgasta em velocidade recorde e rapidamente “precisa” ser trocado. Lança-se um artigo hoje e amanhã já temos outro melhor, mais bonito, com mais recursos.

Como futura publicitária, confesso que às vezes me sinto enojada com essa tempestade de propagandas, spams e afins. Lembro que quando mais nova eu via as propagandas e elas tinham certo brilho. Algo que fascinava que me deixava deslumbrada. Quem não se lembra da propaganda do Guaraná Antarctica com pipoca, ou do primeiro sutiã da Valisere? (Se você não lembra clique aqui para rever a propaganda do Guaraná Antartica e aqui para rever o da Valisere.)

Pergunto-me se foram os consumidores que ficaram menos exigentes, ou se os publicitários ficaram menos inteligentes. A década de 80 e 90 foram as décadas de ouro da publicidade, esperava-se que com tantos recursos e com acesso mais rápido a informação, o século XXI trouxesse novos gênios, porém, o que se vê nos festivais é uma juventude tímida, perdendo espaço para os veteranos.

Não sou contra a evolução, pelo contrário admiro a internet, as redes sociais, iPhone, Ipad, Inaoseimaisoque, confesso até que sou viciada, adoro como as informações correm o mundo na velocidade da luz. Muitas vezes faço trabalhos inteiros sem levantar da frente do PC. Apenas penso que talvez essa facilidade de conseguir informação, torne as pessoas preguiçosas (não me excluo desse grupo), ou melhor, acomodadas. Quantos jovens já leram Os lusíadas, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Os Sertões, quantos conhecem as obras de Dostoievski, Adélia Prado, Mário de Andrade. Não estou desmerecendo o valor da revolução tecnológica. Apenas penso que ela poderia ser mais bem utilizada pela grande maioria dos internautas, dos publicitários, dos seres humanos. A internet está repleta de coisas de utilidade, porém, está recheada de porcaria também. Cabe a nós sabermos aproveitar melhor essa ferramenta tão valiosa. Assim quem sabe, a criatividade dos mesmos não seria estimulada, ou fossem mais críticos em relação a nossa atual situação. Sonho com um dia em que eu não verei uma foto de um pedreiro fazendo uma cantada ridícula, ser mais curtida do que uma passeata contra a corrupção.

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Erika Campos

Estudante de Publicidade

Coronel Fabriciano, 12 de setembro de 2012.